A Imolação do Meu Irmão Indígena

"Sempre é importante reconhecer e valorizar a diversidade da Cultura indígena".

Abril 17, 2025 - 11:28
Abril 17, 2025 - 11:29
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A Imolação do Meu Irmão Indígena
   O indígena Pataxó Galdino Jesus dos Santos, liderança do povo Pataxó Hã-Hã-Hae foi a Brasília no dia 19 de Abril de 1997. Para reivindicar e não mendigar a legitimidade agrária, e pelo direito á terra ancestral no latifundio São Lucas. Invadida pelos fazendeiros em Porto Seguro no Sul da Bahia. Pelo ponto geografico será que ainda haverá questionamento, da legitimidade de posse da Nação Pataxó? 
     Após participar de discursos inflamados e manifestações populares, já cansado resolveu retornar a pensão na qual estava hospedado.
Inadimissível! Não conseguiu entrar na hospedaria. 
Sem alternativa, desorientado igual a um pássaro sem rumo, saiu a perambular pelas ruas da localidade a procura de um pouso.
Parou em uma parada de onibus cor amarela e dormiu.Talvez imaginando que numa cidade surgida da visão de Dom Bosco em 1883, profetizava que entre os paralelos 15° e 20° nasceria a cidade do mel. Que em 21 de Abril de 1960, foi concretizada por um presidente visionário chamado Juscelino Kubitschek. Estaria em segurança.
     Também não teve a intuição de saber que esta côr amarela, é associada a morte ou ao luto nas culturas da Tailândia e na Birmánia- Miamar- pelos monges Budistas.Ou seja o prenúncio da proximidade da morte. Como dizia Santo.Agostinho: "o inimigo está vigilante e tu dormes".
     Lembrando que o  politicamente incorreto do silvícola subjugado, tachado de: preguiçoso, hostil, selvagem... Não é apenas exclusividade dos filmes antigos dos heróis de barro: General Custer, Buffalo Bill... Até mesmo pelos personagens do cinema, interpretados porJohn Wayne que os extreminavam. 
     É transportável também da tela grande para vida real. Eis! Que emergidos das entranhas dos infernos, surgem quatro cavaleiros do Apocalipse, ou vermes piromaníacos transvestidos de playboyzinhos e ateam fogo no infeliz Galdino. O cinza das vestes e das Havaianas, ficaram como testemunhas daquele assassinato hediondo.  Galdino ardeu como uma tocha humana.
"Sangue Indígena, lágrimas de dor"! Contrapondo o provérbio do Prêmio Nobel da Literatura de 1981 Elías Canntti: "ninguém poderá odiar uma pessoa, que tenha visto dormindo."
          Dia 19 de Abril 1997 comemorava-se "O dia do indígena", para os matadores "Dia do Belzebu".  Pasme! Alegaram que pensaram que fosse um mendigo! Como se mendigo não fosse gente!      
     Enquanto isso numa aldeia Pataxó em Porto Seguro na Bahia,  uma mulher e quatro filhos choravam a morte de um paí.
     Os monstros deste  assassinato brutal foram presos, atualmente estão soltos  curtindo a vida com bons empregos.
     Galdino morreu no dia 20/03/1997 um dia depois deste atentado, com 95% do corpo queimado. Foi incendiado!
Como diz o Frei Florêncio Almeida:  "se perdemos essa lembrança, seremos derrotados".
         Amor além do céu.
     Depois de amanhã  dia 20/03/2025 você estaria completando 51 anos de casado comigo, Minha Estrela Cintilante.
Agora você foi restrituida ao céu!
Sebastião Milagres, filósofo e ex- professor de xadrez na Prefeitura de Santana de Parnaíba. Conselheiro do Fórum Municipal Políticas Culturais de Parnaiba. Autor do livro Xeque-mate no Inferno VII-A