Tudo bem errar! “Erro faz parte do processo de aprendizagem”, afirma educadora
Erros podem ser aliados do aprendizado, fazem parte natural do desenvolvimento e precisam ser acolhidos por famílias e escolas

Que atire a primeira pedra quem nunca errou! No imaginário de muitos pais e responsáveis, e até mesmo dentro das salas de aula, o erro ainda é visto como um inimigo a ser evitado a todo custo. Essa visão, no entanto, tem se mostrado cada vez mais ultrapassada, segundo Elisete Prado, coordenadora geral do colégio Progresso Bilíngue, de Itu/SP: errar é parte natural do desenvolvimento humano. O importante é agir a partir dele.
Na opinião da educadora, a avaliação tradicional, compreendida como a realização de uma prova para verificar quais aprendizados foram construídos, historicamente nos ensina a valorizar mais os acertos, e reforça a ideia de que o erro é sinônimo de fracasso, o que pode gerar medo de se expor, insegurança e bloqueios na hora de aprender.
Entretanto, quando adotamos outro olhar para o resultado da avaliação, como ponto de partida ao invés de ponto final, compreendemos o erro como elemento essencial no processo de ensino aprendizagem, que nos indica quais conhecimentos ainda precisam ser melhor trabalhados coletivamente ou individualmente.
“O erro faz parte da vida e, principalmente, do processo de ensino aprendizagem. Ao contrário do que muitos pensam, errar não significa fracasso, mas sim oportunidade de crescimento”, explica a especialista do Progresso. “Quando o estudante teme errar, ele evita arriscar, questionar ou experimentar, o que pode prejudicar seu desenvolvimento emocional e intelectual, e impactar diretamente a construção de novos aprendizados”, acrescenta Elisete.
A especialista afirma que é preciso repensar a forma como erros são percebidos e acolhidos. Ela acredita que reconhecer os erros e aprender com eles é essencial para a formação de habilidades como resiliência, criatividade e pensamento crítico. Em vez de punir pelo erro, o caminho mais saudável é transformá-lo em insumos para novas tentativas. “A pergunta central não deve ser ‘onde o aluno errou?’, mas sim ‘o que ele pode fazer a partir desse erro?’”, destaca a coordenadora.
Esse olhar também precisa ser fortalecido em casa. O ambiente familiar exerce influência direta na forma como os estudantes lidam com as próprias falhas. Em uma sociedade marcada pela alta competitividade, pelas exigências dos vestibulares e até pelas comparações nas redes sociais, muitos jovens sentem e acreditam que não podem errar.
“A pressão, muitas vezes involuntária, de corresponder às expectativas familiares, acentua a ideia de que só os acertos têm valor, tornando-se um fardo emocional. Ao acolher o erro como parte da jornada, as famílias contribuem para que os filhos desenvolvam autoconfiança e aprendam a enxergar os desafios como novas possibilidades, e não como ameaças ao seu valor pessoal. Quando os pais acolhem as falhas e incentivam seus filhos a tentarem novamente, estão transmitindo a mensagem poderosa de que errar não é o fim, mas parte da caminhada”, reforça a profissional.
Ao desconstruir o mito de que o erro é um problema, abre-se espaço para uma educação mais humana, que valoriza a trajetória e não apenas o resultado final. “O erro educa, ensina e fortalece. É ele que abre caminhos para o sucesso e para a autonomia do estudante”, conclui Elisete.
A especialista: Elisete Prado é pedagoga com ampla experiência em Educação, atuando dentro e fora da sala de aula. Com mais de 25 anos ocupando diferentes posições em gestão escolar, acredita na parceria família escola para a formação integral dos estudantes, unindo o trabalho acadêmico ao socioemocional para estarem preparados para os desafios do futuro.