Espante o " Halloween" e mostre nos a verdadeira essência da cultura brasileira.para nos envolver. É com este sentimento que me lembro da minha vó, Ludi, uma mulher incrível que me ensinou a valorizar as coisas simples da vida contando estórias e causos.
Nos meus tempos de guri calça curta no joelho, pés descalços no chão de terra, costumávamos eu e minha mãe passar as minhas férias escolares na casa dela, que ficava no meio do mato.
     Foi numa noite de 22 de Dezembro de 1956 ainda criança, com uma  Lua Cheia no seu apogeu na Abóbada celeste, e no tremluzir de uma velha lamparina a querosene. Que fiquei sabendo da lenda de uma criaturinha peralta, de cor negra, que não passava de 50 cm de altura.
Esta entidade da Mitologia Brasileira, aparece algumas vezes nas chapadas na época dos tempos secos e quentes. Em pequenos pés de vento formados por poeira e folhas secas. Ou até montados num cavalo baio, tendo com cabresto um cipó. Eu dei uma saidinha para admirar a magnitude da Lua Cheia, e quem sabe encontrar um Saci Pererê.Foi quando avistei um redemoinho de gravetos no campo. Adentrei  a casa com o coração nas mãos, gritando:" Vó Ludi pega a peneira e uma garrafinha o Saci está la fora"! Entregando os objetos que pedi, a Vó Ludi falou:" meu 'fio' pega o gorrinho vermelho que ele perderá o encanto.Imediatamente mergulhei no redemoinho todo afoito procurando pelo gorrinho vermelho.entre os gravetos, tudo em vão. Regressei todo tristonho e a minha Vó já me esperava no portal da casa. Abraçan do-me foi logo dizendo:" não se preocupe-se meu 'fio' o Saci é muito esperto, talvez ele volte outro dia." Então ficamos sentados na soleira da porta, olhando para o mato, em silêncio. Eu senti como o Saci, estivesse nos observando, mas não o vi.
Sebastião Milagres
Escritor autor do livro:" Xeque-Mate no Inferno VII-A.
Fillósofo, ex-professor de xadrez, na Prefeitura de Santana de Parnaíba. 
Conselheiro do Fórum Municipal Políticas Culturais de Parnaíba.