Rodrigo Paz é eleito presidente da Bolívia
Eleição encerra 20 anos de governos de esquerda. Fora da disputa e alvo de um mandado de prisão, ex-presidente Evo Morales pregou voto nulo.

Rodrigo Paz, do Partido Democrata Cristão, foi eleito como presidente na Bolívia neste domingo (19), após um histórico segundo turno marcado por uma guinada à direita do país após 20 anos. Essa foi primeira votação de segundo turno da história do país.
Além do vencedor, o segundo turno foi disputado pelo ex-presidente Jorge Tuto Quiroga, de direita.
Paz foi eleito com 54,5% dos votos, com 91,2% dos votos apurados.
Durante a campanha, Paz afirmou que quer conquistar os eleitores frustrados com a esquerda por meio de propostas mais moderadas para neutralizar a polarização no país. Filho de um ex-presidente, Jaime Paz Zamora, ele indicou diálogo com Lula.
Em conversa com os jornalistas na porta de sua casa, o vice-presidente eleito Edman Lara declarou estar agradecido ao povo boliviano.
Assegurou que está se preparando para ir a La Paz para, com Rodrigo Paz, para “coordenar quais seriam as soluções que devem ser adotadas o mais breve possível para a crise econômica que atinge a Bolívia”.
Como pensa o novo presidente
- Segurança Pública: com um discurso mais ameno e menos combativo que seu rival político, diz frequentemente que pretende "fortalecer as instituições", especialmente o sistema judicial, para combater o crime organizado. “A justiça é a base para o progresso de qualquer país, e precisamos de instituições fortes e independentes que assegurem a lei para todos", disse Paz durante a campanha. Entre as medidas previstos no plano de governo de Paz estão a modernização e profissionalização das Forças Armadas e a "implantação de tecnologias digitais avançadas", sem detalhar como seriam.
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- Economia: sua proposta central para fazer a economia engatar novamente foi batizada de "capitalismo para todos". Na prática, significa promover crescimento por meio de incentivos ao setor privado e, ao mesmo tempo, manter programas sociais para camadas mais pobres.
- Também prometeu incentivos à formalização da economia informal, corte de gastos supérfluos e descentralização do Estado. Nas propostas para a economia, é onde mais o senador acena para a grande camada de eleitores da esquerda, iludidos com o governo socialista:
"A Bolívia não é socialista", disse Paz durante um evento de campanha no mês passado. "A Bolívia trabalha com capital, trabalha com dinheiro... porque 85% da economia é informal. Não queremos austeridade severa, mas uma economia forte, justa e voltada para gerar oportunidades a todos os bolivianos."
Mas críticos das propostas dizem que as promessas são irreais. "O rombo fiscal é imenso", disse o pesquisador do Instituto de Finanças Internacionais, Jonathan Fortun, à agência de notícias Reuters. "A questão não é se um ajuste virá, mas quão rápido e quão disruptivo ele será."