A Coisa Está Preta. ( Não é estado de cor) É de puro racismo. Por Sebastião Milagres

Fechamos o mês da Consciência Negra com esta última parte: Racismo Linquistico. A frase que dá título à crônica simboliza outra espécie de racismo, o linquistico. Que entrelaça com o racismo estrutural, perpetuando desigualdades muito além das palavras.

Dezembro 4, 2025 - 17:05
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A Coisa Está Preta. ( Não é estado de cor) É de puro racismo. Por Sebastião Milagres
 Expressões racistas do nosso cotidiano, "quando não suja na saída, suja na entrada", "serviço de preto",( quando algo dá errado) mercado negro ( comércio ilícito)," Ter um pé na cozinha", cabelo ruim ( tem que prender o cabelo ruim) E outras mais são frases que carregam uma carga histórica da nossa desvalorização.
Que passam despercebidas, mas que reforçam estereótipos e hierarquias.
     É mais absurdo um tal homem preto do saco, quando a criança chora muito, a mãe branca ameaça-a com o infeliz que vai levá-la dentro do saco.
Esse tipo de linguagem não é inofensiva, é um dos fios que tecém o racismo estrutural. Que limita oportunidades, perpétua desigualdades salariais de acesso à educação e saúde e mantém a invisibilidade de corpos negros em espaço do poder.
     Mas a negação também disfaçada de elogio, ouvimos:" Negro Pelé é o melhor jogador do mundo." Por essa razão não temos racismo no Brasil.Tokenismo puro usando uma figura negra de sucesso, para dizer que o sistema é justo.(Marketing de falsa inclusão)Ou de uma forma mais estereotipada: "Vocês são os melhores sambistas." Querendo dizer o que? Como se fosse algo importante para a melhoria das nossas vidas
 Que vale Rei (ou Rainha) no Sambódromo, no   outro dia sendo barrado no elevador social.
     Tem também a desinformação histórica, algumas vozes a usa tentando deslegitimar Zumbi. Dizendo que ele tinha escravos ou que Palmares era uma ditadura, (Alô Hugo Chaves) Isso é revisionismo  negacionista. Zumbi dos Palmares é símbolo de resistência à escravidão, e a narrativa de que ele possuía escravos não tem base sólida nos registros históricos.O objetivo desta distorção é montar a representatividade e a luta antiescravista. Racismos linquistico e estrutural anda de mãos dadas. Enquanto o linquistico nos 8i8ií0fere no dia a dia com piadas, o estrutural garante que essas feridas se tornar barreiras concretas.
     Infelizmente, preciso colocar um ponto final aqui, respeitando o espaço do "Evidências".
     Como  o escritor africano Chinua Achebe diz:"Até que os leões tenha suas próprias histórias, os historiadores sempre glorificarão o caçador."
E QUE AS VOZES DOS FILHOS DA MÃE ÁFRICA, SEJAM OS LEÕES QUE FINALMENTE  CONTARÃO A HISTÓRIAS DELA. 
Sebastião Milagres
Escritor autor do livro:" Xeque-Mate no Inferno VII-A.
Fillósofo, ex-professor de xadrez, na Prefeitura de Santana de Parnaíba. 
Conselheiro do Fórum Municipal Políticas Culturais de Parnaíba.