Dia da Consciência Negra: Cemitério da Consolação abriga memória de abolicionistas
Túmulos de Luiz Gama e Antonio Bento de Souza e Castro reforçam a história da luta negra em São Paulo e podem ser visitados
|
Neste dia 20 de novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra, o Cemitério da Consolação se destaca como um espaço de memória e reflexão ao reunir os túmulos de duas figuras centrais do movimento abolicionista brasileiro: o advogado e jornalista Luiz Gama e o líder Antonio Bento de Souza e Castro.
|
Luiz Gama, reconhecido como um dos maiores abolicionistas do Brasil, nasceu livre, foi ilegalmente escravizado e, mais tarde, dedicou sua vida ao Direito, libertando mais de 500 pessoas escravizadas pela via judicial. Seu jazigo, localizado próximo a capela do cemitério, é destino frequente de admiradores, pesquisadores e instituições que buscam homenagear sua contribuição decisiva para a história jurídica e social do país.
|
Após sua morte, a liderança do movimento passou a Antonio Bento de Souza e Castro, promotor, advogado e abolicionista que se tornou a principal referência dos Caifazes, que planejavam e auxiliavam fugas de pessoas escravizadas, que eram levados para quilombos. Bento intensificou as ações de enfrentamento, ampliou a rede de apoio aos escravizados e consolidou o grupo como uma das forças mais atuantes do abolicionismo paulista.
Para Francivaldo Gomes, mais conhecido como Popó e monitor das visitas monitoradas, o cemitério é um guardião dessa história.
“Este local é um museu da história de São Paulo. Ao passar pelos túmulos de Luiz Gama e Antonio Bento, reforçamos a importância de manter viva a memória da luta abolicionista para as novas gerações”, afirma Popó.
A Consolare, atual administradora da necrópole, oferece ao público e às escolas uma oportunidade de contato direto com essa história por meio de visitas mediadas toda segunda-feira, e uma visita noturna por mês. Além disso, a unidade conta com QRCodes e placas informativas que permitem ao visitante aprofundar-se na história também em percursos livres.
A memória desses líderes evidencia que o 20 de Novembro é um momento de reflexão e de reafirmação da continuidade da luta por equidade racial no Brasil.
